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Foto do escritorAuro de Jesus Rodrigues

O que é senso comum?

Atualizado: 18 de abr.

Senso comum

O conhecimento vulgar, popular ou senso comum, é obtido ao acaso, de forma espontâneo, a partir da experiência da vida cotidiana da pessoa. É resultado de experiências repetidas e casuais, de geração em geração, que foram transmitidas ao indivíduo.


O homem, ao nascer, encontra um mundo de coisas dotado de significação, transmitido pela sociedade. Seu crescimento consiste, inicialmente, a viver em um mundo de objetos, experiências e informações que ele mesmo não criou, mas herdou.


Assim sendo, pode-se dizer que o conhecimento vulgar ou popular é o conhecimento do povo, fragmentado e superficial. A pessoa conhece a realidade em que vive nas suas aparências, sem uma análise profunda sobre ela.


O conhecimento vulgar é construído, geralmente, por necessidade de se buscar resolver problemas imediatos a partir da observação e da experiência popular. Esta forma imediata decorre pelo fato da realidade vivida não ser transparente à percepção da pessoa e se apresentar como algo acabado, e não como processo de relações complexa e contraditória mais profunda.


O conhecimento vulgar ou popular é um conhecimento histórico, gerado pela necessidade do homem em buscar soluções para os seus problemas de sobrevivência. Geralmente, esse conhecimento funciona razoavelmente bem na solução dos problemas imediatos, apesar de não se compreender ou se desconhecer as explicações para o seu sucesso (KÖCHE, 1997, p. 24-25). São experiências casuais de erros e acertos, sem a fundamentação metodológica, analítica e sistemática. Dessa forma, pelo fato de, muitas vezes, darem certo é repassado de uma geração para outra.


É importante ressaltar, que o conhecimento vulgar não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido. O que os diferencia é a forma, o método e os instrumentos do “conhecer”. Saber que uma determinada planta necessita de uma quantidade ‘X” de água e que, se não receber de forma “natural”, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, deve-se considerá-lo científico. Para que um conhecimento seja científico é importante ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, particularidades que distinguem uma espécie de outra, seu ciclo de desenvolvimento etc. Portanto, pode-se dizer que a ciência não é o único meio de acesso ao conhecimento e à verdade. Também, um mesmo objeto ou fenômeno, por exemplo, uma planta, um mineral, uma comunidade, pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar é a forma de observação (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 76).


São exemplos de conhecimentos frutos do ideário popular: “só é pobre quem é preguiçoso”; “comer jaca e tomar água faz mal”; “tomar suco de limão na menstruação causa hemorragia”; “colocar o livro embaixo do travesseiro, antes de dormir, facilita a memorização”; “chá de quebra-pedra resolve problemas de cálculos renais” etc.


Metodologia científica

É importante ressaltar que este tipo de conhecimento permite ao homem simples conhecer o fato em sua ordem aparente. Todavia, o fato de ser um conhecimento vulgar ou popular não significa que ele não tenha importância, pois, muitos dos seus conhecimentos já foram pesquisados e comprovados cientificamente.


Construído a partir da experiência cotidiana, o conhecimento vulgar ou senso comum, constitui-se à base do saber humano sendo, portanto, anterior ao conhecimento cientifico.


São características do conhecimento vulgar ou popular:


a) subjetivo: o próprio sujeito organiza suas experiências e conhecimentos; as explicações aos fenômenos são baseadas em experiências de vida e nas crenças pessoais; os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. Portanto, as explicações aos fenômenos são produtos de sentimentos e opiniões individuais e grupo, variando de uma pessoa para outra ou de um grupo para outro;


b) assistemático: a organização das experiências particular do sujeito, não visa a uma sistematização das idéias que possibilite uma formulação geral que explique os fenômenos; não elabora um conjunto sistemático de conceitos que explique e interpretem os fenômenos;


c) superficial: conforma-se com a aparência, não se preocupando em investigar a essência das coisas, o porquê das coisas, ou seja, não se preocupa em analisar com profundidade os antecedentes e conseqüentes que provocaram a ocorrência de um fenômeno;


d) acrítico: não há a preocupação da crítica, de chegar à verdade. As verdades são aceitas pela simples convicção ou crença. Não analisa e utiliza o rigor metodológico na busca da verdade;


e) falível: conforma-se com a aparência e as experiências vividas. São experiências casuais de erros e acertos para a solução dos problemas. Não se preocupa em compreender e explicar os fenômenos com profundidade. Portanto, é um conhecimento falível;


f) ametódico: não há um processo de investigação a partir de um rigor metodológico, utilizando-se de técnicas e normas que possibilite uma análise e sistematização do fenômeno observado.


Autoria do texto


Auro de Jesus Rodrigues


Referência Utilizada


KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.


LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.




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