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Foto do escritorAuro de Jesus Rodrigues

O que é neutralidade científica?

Atualizado: 18 de abr.

Neutralidade científica

Pode-se dizer que a questão da neutralidade científica consiste, principalmente, em que os cientistas estariam isentos, em nome da sua racionalidade objetiva, de formular qualquer juízo de valor, de manifestar toda e qualquer preferência pessoal e de ser responsável pelas decisões políticas relativas ao uso de suas descobertas.


Esse problema da existência de uma ciência neutra e livre de componentes ideológicos, continua atual e há muitas discussões sobre essa questão. Os defensores da neutralidade científica se apropriam de artifícios para se qualificarem como autoridades do saber, numa tentativa de imposição de seus argumentos.


Essa polêmica da neutralidade científica parece nova, mas é tão antiga quanto a idéia moderna de ciência. Na tradição herdada do Positivismo, a ciência é concebida como autônoma e deve estar isolada dos conflitos sociais. Seu princípio básico sintetizando, é de que a sociedade humana funciona a partir de leis naturais invariáveis, devendo os estudos sobre os fenômenos ocorrem de forma neutra, isto é, os conflitos de classes, as posições políticas, os valores morais e as visões de mundo são encarados como empecilhos à objetividade científica, devendo o pesquisador posicionar-se indiferente a tais influências na realização de sua pesquisa, ser um pesquisador neutro.


Metodologia científica

Mas, como o pesquisador pode evitar tais influência, se ele é um ser que vive em sociedade e a delimitação do seu objeto de estudo, as perguntas que faz e as interpretações que desenvolve, já são influenciadas por sua história de vida, seus valores e sua visão de mundo?


A ciência não está isolada do mundo e os fenômenos sociais não podem ser explicados por leis naturais. O cientista faz ciência, mas faz dentro do mundo e, por isso, não é autônomo, isento de posições morais e políticas. Esses valores estarão presentes no pesquisador, o tempo todo, durante o desenvolvimento de sua pesquisa.


Neste sentido, deve-se reconhecer que o conhecimento científico, situado em um contexto histórico-socio-espacial, sofre influência de interesses, valores, preconceitos dos próprios indivíduos e grupos que produzem esse conhecimento e da sociedade que os aplica e utiliza. Portanto, a ciência não está imune, também, a componentes ideológicos.


Assim sendo, mesmo que um conhecimento científico tenha sido aceito, ele deve permanecer em condições de ser refutado no momento em que outra leitura da realidade possa superá-lo. Ele não é, portanto, sinônimo de verdade absoluta ou um dogma, mas resultado provisório de uma investigação humana num determinado período histórico e social e, assim, suscetível a todas as idéias e valores, e interesses presentes na sociedade.


Todavia, é necessário que o pesquisador tenha consciêcia da possibilidade de interferência de sua formação moral, religiosa e de sua carga de valores, para que os resultados da pesquisa não sejam influenciados além do aceitável (RIBEIRO;CRUZ, 2003, p. 30-31).


É importante, também, levar em consideração que, hoje, a maioria dos resultados científicos: máquinas, remédios, fertilizantes, produtos de limpeza e de higiene, materiais sintéticos, computadores etc., tiveram como origem investigações militares e estratégicas, competições econômicas, entre grandes empresas transnacionais, e competições políticas entre grandes Estados. Muito do que tem sido utilizado em nosso cotidiano provém de pesquisas nucleares, bacteriológicas e espaciais (CHAUÍ, 1995, p. 282).


Assim sendo, a problemática sobre a neutralidade nas ciências é produto do passado e continua na atualidade. É um componente muito difícil de se resolver, tendo em vista que o homem é um ser social e histórico, suscetível a questões morais, valores, políticas etc.


Projeto de pesquisa

Autoria do texto


Auro de Jesus Rodrigues


Referências utilizadas


CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. 3. ed. São Paulo: Ática, 1995.


RIBEIRO, Uirá; CRUZ, Carla. Metodologia Científica: teoria e prática. Rio de Janeiro: Axcel Books do Brasil, 2003.



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