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Método dialético

Atualizado: 18 de abr.

Método dialético

Do grego Dialektike (método dialético), que significa discussão, forma de discutir e debater. Segundo a filosofia antiga a dialética consiste na argumentação dialogada. Nos escritos de Aristóteles, encontra-se Zenão de Eléia como sendo o iniciador da dialética que, por sua vez, abriu campo para a lógica.

A concepção moderna de dialética fundamenta-se em Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831). Para esse filósofo, a lógica e a história da humanidade seguem uma trajetória dialética, nas quais as contradições se transcendem, mas dão origem a novas contradições que passam a requerer solução. A concepção hegeliana de dialética é de natureza idealista, isto é, admite a hegemonia das idéias sobre a matéria. Essa concepção foi criticada por Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), que apresentaram-na em bases materialistas, isto é, admitindo a hegemonia da matéria em relação às idéias (GIL, 1999, p. 31-32).

 

O materialismo de Karl Marx é uma oposição ao idealismo de Hegel. Para Marx, ao contrário de Hegel, o mundo das idéias é apenas o mundo material transposto e traduzido no espírito humano. Marx vai acentuar a importância das condições econômicas na formação e evolução das idéias filosóficas, morais e religiosas. É o materialismo histórico que procura explicar a história a partir da luta de classes. Como os movimentos econômicos explicam o avanço das idéias, a existência da contradição na sociedade, da burguesia de um lado e do proletariado do outro, deve ser superado mediante a luta de classe (PARRA FILHO; SANTOS, 1998, p. 57).

 

Em Hegel, a dialética é o movimento racional que permite superar uma contradição. Em Marx, com as contribuições de Engels, a dialética se converte no método do materialismo histórico.

 

Metodologia científica

O método dialético procura contestar uma realidade posta, enfatizando as suas contradições. Para toda tese existe uma antítese que, quando contraposta, tende a formar uma síntese. Procura ser a investigação das contradições da realidade, pois são essas as forças propulsoras do desenvolvimento da natureza.

 

O método dialético fundamenta-se em três princípios segundo Gil (1999, p. 31-32):

 

a) a unidade dos opostos: todos os objetos e fenômenos apresentam aspectos contraditórios, que são organicamente unidos e constituem a indissolúvel unidade dos opostos. Os opostos se apresentam num estado constante de luta entre si. A luta dos opostos constitui a fonte do desenvolvimento da realidade;

 

b) quantidade e qualidade: quantidade e qualidade são características inerentes a todos os objetos e fenômenos e estão inter-relacionados. No processo de desenvolvimento, as mudanças quantitativas graduais geram mudanças qualitativas, e essa transformação pode operar-se por saltos;

 

c) negação da negação: a mudança nega o que é mudado e o resultado, por sua vez, é negado, mas esta segunda negação leva a um desenvolvimento e não a um retorno ao que era antes.

 

Assim sendo, uma dupla negação em dialética não significa o restabelecimento da afirmação primitiva, que conduziria de volta ao ponto de partida, mas resulta numa nova coisa. O processo da dupla negação engendra novas propriedades: uma nova forma que suprime e contém, ao mesmo tempo, as primitivas propriedades. Como lei do pensamento, assume a seguinte forma: o ponto de partida é a tese, proposição positiva; essa proposição se nega ou transforma em sua contrária – a proposição que nega a primeira é a antítese e constitui a segunda fase do processo; quando a segunda proposição é negada, obtém-se a terceira proposição ou síntese, que é a negação da tese e antítese, mas por intermédio de uma proposição positiva superior – obtida por meio de dupla negação (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 102).

 

As mudanças se processam em espiral, com a repetição em estágios superiores de certos aspectos e traços de estágios inferiores.  

 

O método dialético consiste no conflito dos contrários, a natureza e a sociedade passam por um processo permanente de transformações, como por exemplo: “A flor precisa murchar para se formar o fruto. O fruto precisa apodrecer para se ter a semente. A semente precisa ‘morrer’ para que germine uma nova planta". É uma luta de forças contrárias: o positivo e o negativo, a vida e a morte, o explorado e o explorador, o amor e o ódio etc.

 

Projeto de pesquisa

Autoria do texto

 

Auro de Jesus Rodrigues

 

Referências utilizadas

 

GIL, Antonio C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

 

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.

 

PARRA FILHO, Domingos, SANTOS; João ALMEIDA. Metodologia Científica. 2. ed. São Paulo: Futura, 1998.

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